domingo, 6 de setembro de 2015

A ROMARIA DE SÃO GENS

Capela de São Gens (Nossa Senhora do Leite)

Louça de Barcelos

Galos de Barcelos

Gaitas e assobios

Barraca de "comes e bebes"

A romaria de São Gens, uma das maiores do país, realiza-se, anualmente, em Setembro, tendo o seu ponto alto no dia 8, com a missa e procissão solene em honra de Nossa Senhora do Leite. 
As festas, que decorrem em Freixo de Cima, num aprazível local povoado de carvalhas centenárias, incluem uma feira anual especializada em louças de vários tipos e proveniências, e é visitada por muitos emigrantes em final de férias, mas também pelos residentes e muitos forasteiros. Outra atracção são as muitas “barracas de comes e bebes” que ali se instalam e onde é habitual provar-se os primeiros vinhos do ano. 
A Capela, cuja fundação remonta a 1545, é referida por Craesbeeck, em 1726, como sendo “a capela de Nossa Senhora da Graça, do lugar de São Gens” (1). A velha ermida foi, entretanto, substituída pela atual, em 1986, e adquirida a nova imagem de Nossa Senhora do Leite.

Também, as “Memórias Paroquiais” (1758) se referem a “uma Ermida no lugar que chamam de Sangens, que fica na estrada que vai para a Villa de Amarante, a qual Ermida é da invocação de Nossa Senhora da Graça, e a esta Ermida correm algumas romagens de várias partes vizinhas porque a dita Senhora da Graça faz favores especiais às mulheres a quem falta o leite para alimentar as crianças. E também vêm à dita ermida algumas freguesias vizinhas com seus clamores. Está a dita ermida nos limites desta freguesia (de Freixo de Cima). Nos Sábados da Quaresma e da Páscoa até o Santo António é que os clamores lhe acodem as mais viagens da circunvizinhança e em quaisquer dias santos do ano, maiormente no tempo de Verão”. (2)
José Augusto Vieira, em “O Minho Pittoresco” (1887), descreve a “esplanada de São Gens”, na freguesia de Freixo de Cima, como “esplanada notável… pela sua concorrida feira mensal de gado e sobretudo pela sua feira anual de 8 de Setembro, aonde concorrem todos os fabricantes de utensílios de lavoura e os oleiros da província, levando além das louças próprias para os usos domésticos, assobios, gaitas e pífaros de barro, que são o encanto do rapazio. Ahí pois, como em nenhuma outra parte, pode o leitor estudar os curiosos typos de instrumentos agrícolas, que o uso faz adoptar n’esta região acidentada, alguns dos quais têm formas artísticas notáveis, além das qualidades úteis que os distinguem”. (3)


Miguel Moreira

(1)- Craesbeeck, Francico Xavier da Serra, Memórias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho, Ponte de Lima, 1992.
(2)- Memórias Paroquiais, vol. 16, n.º 188, p. 1135-1142.
(3)- Vieira, José Augusto, O Minho Pittoresco, Lisboa, 1887.

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