terça-feira, 22 de março de 2016

RIO CARNEIRO

Também conhecido como rio Fornelo, o Carneiro é, tal como o Ovelha, um dos rios estruturantes de Gondar.

Rio Carneiro em Ovelhinha - Gondar
Rio Carneiro em Ovelhinha - Gondar

Nasce nos Padrões da Teixeira e, depois de atravessar a freguesia de Carneiro, que lhe empresta o nome, desce de forma abrupta até Gondar onde desagua no rio Ovelha.
Já em Gondar, de forma mais suave, o rio flui por entre fecundas várzeas que irriga com as suas águas despoluídas. Era também aqui que a força das suas águas fazia mover muitos moinhos, hoje votados ao mais completo abandono.
Em Ovelhinha, uma pitoresca aldeia preservada, o rio exibe a plenitude da sua graça para encanto e deleite de quem a visita, para pouco depois, em Larim, juntando-se ao Ovelha, se despedir de Gondar.
Texto e fotografia: Miguel Moreira

quarta-feira, 16 de março de 2016

RIO OVELHA

O território de Gondar foi moldado pelos rios Ovelha e Carneiro. Um e outro percorrem a freguesia de lés-a-lés, e, numa espécie de enlace matrimonial, unem-se em Larim para juntos continuarem a sua marcha para o mar.


Rio Ovelha em Larim - Gondar
Rio Ovelha em Tojal - Gondar
Rio Ovelha em Sumidas - Gondar

O rio Ovelha nasce perto da linda aldeia de Covelo do Monte, nas encostas de Pena Suar (Serra do Marão). Depois, por entre uma paisagem deslumbrante, serpenteia a encosta e, após atravessar Aboadela, entra em Gondar que percorre de Nascente a Poente.
Com uma extensão de cerca de 30 Km, o Ovelha é um rio de águas limpas que corre ora por vales verdejantes e laboriosamente trabalhados, ora afunilando-se por entre margens estreitas e alcantiladas. Com um caudal muito irregular, tem, ao longo do seu curso, vários açudes para aproveitamento das suas águas para irrigar os férteis campos que o ladeiam, ou para lhe colher a força para fazer mover os moinhos, hoje em dia abandonados, mas plenos de beleza e testemunhos do árduo trabalho de antigos moleiros. Também de destacar as suas aprazíveis praias fluviais como a do lugar de Rua (Aboadela), a das Sumidas (Gondar) e a de Padornelo.
Em Abril de 2003, foi criada a “Associação dos Amigos do Rio Ovelha” que tem como principal objectivo a defesa e conservação do património natural, paisagístico, arqueológico e cultural da Bacia Hidrográfica do Rio Ovelha.
Texto e fotografias: Miguel Moreira

domingo, 13 de março de 2016

HÁ MUITO QUE VER EM GONDAR

Gondar - Amarante (Larim)
Gondar - Amarante (Rota do Românico)
Monumentos, aldeias preservadas, quintas e casas senhoriais, artesanato, museu rural, “casa do oleiro”, património natural… e muito mais. Tudo isto numa terra com séculos de história e, apenas, a meia dúzia de Km de Amarante. 
Sinta-se convidado. Gondar espera por si!

quarta-feira, 9 de março de 2016

O CAMPANÁRIO DA IGREJA ROMÂNICA DE GONDAR

António Coelho Pedroza, nas "Memórias Paroquiais" (1758), descreve-nos desta forma maravilhosa o campanário e os sinos da igreja:

"Nesta parochia muito antigua há um campanário com seus sinos de vox muito suave e sonora, quando convidam os freguezes à palavra de Deus e a ouvir missa, mas triste e fúnebre quando os chama à sepultura.
O mais piqueno conserva ainda hoje o seu timbre porque sempre foi pouco gasto, o mayor foy bello contralto, mas hoje por quebrado ficou em tenor desemtoado, mas nas festas sempre participa de suas glórias quem os repica.”

Campanário (Igreja Românica de Gondar)


O campanário ergue-se na fachada lateral sul da igreja, sobre a cobertura. É um campanário de dupla sineira de arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, encimado por cornija e coroado por dois pináculos piramidais.
Encontra-se, na atualidade, despojado dos seus sinos.

Fotografia: Rota do Românico
Fonte: Memórias Paroquiais de Gondar (1758)

Miguel Moreira

sexta-feira, 4 de março de 2016

GONDAR EM 1758 

(MEMÓRIA PAROQUIAL DE GONDAR)


A "Memória Paroquial" de Gondar, descrita pelo P.e António Coelho Pedroza, a 20 de Março de 1758, são, porventura, o mais importante documento para a história de Gondar, no século XVIII. Transcrevemos uma parte desse valioso documento (manuscrito):
“Descrisçom desta Freguezia de Sancta Maria de Gundar feita pelo emcomendado(1) della António Coelho Pedroza, natural da Villa de Murça desta Comarca de Villa Real.
Cruzeiro do Mosteiro de Gondar (séc. XVII)
1.He esta Freguezia da Província de Entre Douro e Minho, do Arcebispado de Braga Primâs, da Comarca de Villa Real, do Concelho de Gestaço.
2.Sua Magestade que Deos goarde he senhor delle.
3. Tem esta Freguezia, conforme o rol dos confessados que nella achei, duzentos e vinte fogos, pessoas de sacramento(2) seis centos e trinta e huma, menores(3) sessenta e oito.
4.Está esta Freguezia situada entre montes com distância do Maram duas légoas e tão baixa que della se não descobre povoaçam alguma.
5.He esta Freguezia membro do Concelho de Gestaço.
A Igreija desta Parochia está em huma das bordas da Freguezia em hum dos povos della que lhe chamamos o Mosteyro, cuja dominaçãm tomou pelo ser nos sécullos passados de religiosas Beneditinas, que consta por tradiçam faziam constar de muntos archivos.
Os povos  de que se compom o corpo desta freguesia sam – Mosteiro, Aldea, Larim, Vau, Palmazões, Real, Corjeiras, Outeirinho, Rio, Villa Seca, Valinhas, Vilella, Crispellos, Areas, Salida, Quintã.
6.Seu orago hé de Sancta Maria de Gundar, tem três altares, o mor donde se conserva o sacrário com o Santíssimo Sacramento, e dois colaterais, o da parte Direita do Santo Nome de Jezus e da parte Esquerda do Senhor Sam Sebastiam; tem huma Irmandade das Almas.
Nesta parochia muito antigua há um campanário com seus sinos de vox muito suave e sonora, quando convidam os freguezes à palavra de Deus e a ouvir missa, mas triste e fúnebre quando os chama à sepultura. O mais piqueno conserva ainda hoje o seu timbre porque sempre foi pouco gasto, o mayor foy bello contralto, mas hoje por quebrado ficou em tenor desemtoado, mas nas festas sempre participa de suas glórias quem os repica.”
(continua)

(1) – Pároco(sacerdote que tem a seu cargo uma paróquia; vigário; cura) por encomendação.
(2) – Pessoas acima dos 7 anos.
(3) – Crianças até aos 7 anos.
Miguel Moreira

quarta-feira, 2 de março de 2016

O CARRO DE BOIS AMARANTINO


Os mais jovens talvez não, mas, entre os mais velhos, há ainda quem se recorde de, desde manhã bem cedo até ao pôr-do-sol, ouvir os carros de bois “cantando” pelas calçadas gastas da nossa aldeia. Substituído pelo trator, o carro de bois foi, durante muitos séculos, o principal meio de transporte para os mais diversos produtos: uvas, vinhos, matos, madeiras, lenhas, milho, etc.
O carro de bois amarantino e, naturalmente o de Gondar, pelas suas características específicas mereceu o estudo de alguns etnógrafos, nomeadamente Armando de Matos, na sua obra “O Carro de Bois Amarantino” (1940), que passo a citar:

"Logo pela manhã" - Foto de Eduardo Teixeira Pinto

“No interessante friso dos carros rurais portugueses, ocupa um lugar de relevo aquele que dá especial feição à paisagem agrícola da região de Amarante.
De feitura idêntica aos seus congéneres, assinala-o, contudo, um cangalho lançado de maneira diferente da que se encontra em qualquer outro carro. Alteando-se no extremo, onde deve receber o jugo, provoca uma maior horizontalidade ao chedeiro do carro (…).
As chedas, que são aqueles paus que delimitam lateralmente o fundo do carro, prolongam-se na extensão aproximada de 0,60 m, fora do limite do sobrado…

Carro de bois amarantino (postal ilustrado)
"Percurso diário" - Foto de Eduardo Teixeira Pinto

As rodas são um pouco mais altas do que o usual nos outros carros de bois. Mais livres de madeira, tornam-se mais leves, tomando uma feição inconfundível.


Fotografia de Eduardo Teixeira Pinto

Os jugos, simples o mais que é possível na sua decoração, e reduzidos ao mínimo indispensável, quanto à madeira, (…) assentam nas molhelhas. Estas são seguras à cabeça dos animais, por uma corda que toma o nome de soga.”

Carro de bois (foto de Eduardo Teixeira Pinto)

Texto: Armando de Matos, “O Carro de Bois Amarantino”, Porto, 1940.

Fotografias: Eduardo Teixeira Pinto (fotógrafo amarantino).